De colores

Numa manhã cinzenta, em que até o Sol estava encabulado, escondendo-se atrás de nuvens densas, um sorriso transformou caminhos pálidos numa aquarela multicores. Cantei “de colores”, mesmo sabendo que a primavera está longe, que muitos passarinhos foram mortos nas enchentes e que a dor e o sofrimento ainda castigam muita gente. A dona do sorriso surgiu e sumiu numa fração de segundos, mas sua inspiração ficou.



Mia Couto, escritor moçambicano, disse que “o tempo é o lenço de toda lágrima”, e que idade não é sinônimo de velhice. “Velho, não. Entardecido, talvez. Antigo, sim. Me tornei antigo porque a vida tantas vezes se demorou. E eu esperei como um rio aguarda a cheia”.

 
O rio espera a cheia, como o pescador espera o peixe. A natureza dá avisos, mas quase nunca é ouvida. A vida, por mais difíceis que sejam as experiências que coloca em nosso caminho, está sempre querendo nos ensinar. A energia que emana de um sorriso é a mesma que contagia a atmosfera que nos envolve.

 
Estamos atravessando tempos de crise e de desequilíbrio emocional. Não é uma briga entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, mas entre o bom senso e a intolerância, entre o amor e o ódio. Estamos imersos em uma espécie de conflito espiritual onde algumas energias tentam dominar todos os pensamentos, como bem destacou Anya Piffer, escritora. 


Não se trata de unir apenas os que comungam das mesmas ideias ou preferências, mas todos que são capazes de respeitar as divergências e se abraçarem como verdadeiros irmãos.

 
Todo ódio é pura perda de tempo. Um dia todos despertaremos para a única verdade da existência: a fraterna convivência para juntos aprendermos as lições da vida. “De colores é a primavera florindo caminhos, são todas as flores, são os passarinhos. De colores é o arco-íris, caminho de luz. De mãos dadas nas mesmas estradas eu sou teu irmão."

 
“Bora” recuperar todo o tempo perdido e chegarmos mais cedo à felicidade. Agora e depois.


Leão solidário
Diante da dúvida de vários leitores, conversei com o contador Adilson Catto, do Espaço Contábil, sobre o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda, pessoa física. Dia 6 de maio foi assinada a primeira portaria, n° 415, prorrogando o prazo para o dia 31 de agosto em 336 municípios gaúchos atingidos pelas enchentes. 


A segunda portaria, a 419, aumentou o benefício para 397 municípios. A Receita Federal também determinou preferência aos contribuintes gaúchos que já entregaram suas declarações e que tem direito à restituição. A previsão é liberar R$ 103 milhões até 31 de maio. Do ponto de vista social, o mais importante é aproveitar a ampliação do prazo para praticar o Imposto Solidário, destinando 3% para o Fundo da Criança e do Adolescente, e 3% para o Fundo do Idoso. 


Isto também poderá ser feito para quem já entregou sua declaração, mediante uma medida retificadora. O procedimento é fácil, auto-explicativo, mas quem ainda tiver dúvidas pode buscar orientação de um profissional do setor. Só não pode haver dúvida quanto a importância de destinar a parte possível do imposto, tendo valores a pagar ou a receber, a quem tanto precisa.

Política na polícia
O registro policial feito pela prefeita de Itaara, Tita Desconzi, contra o vereador Paulo Gilmar Garcia, o Chupeta, esquentou o clima pré-eleitoral no município. 


Curioso, sem entrar no mérito, é que os motivos do B.O. (um soco na mesa, a suposta afirmação de que “eu tirei um prefeito e irei te tirar também”, e uma ameaça à integridade da prefeita), que teriam ocorrido em dezembro do ano passado, só terem sido registrados agora. O processo eleitoral poderá ter algumas surpresas e fortes emoções. Pelo futuro de Itaara, espera-se que tudo se resolva nos limites do campo político.


Famílias ilhadas

Muito ainda se terá que aprender com a dura lição das enchentes. Problemas antigos não serão resolvidos com as mesmas práticas de sempre. Quantas vezes, diante de uma tragédia, se ouviu o apelo “para que não se repita”. Cada ação deve ter o tamanho de cada problema, a começar pelo que está mais próximo. 


Em Santa Maria ainda existem famílias ilhadas. No dia 30 de abril, o Arroio Cadena “engoliu” parte da Rua Emília Carnelosso, entre a BR-287 e a Rua da Felicidade, interrompendo o acesso à Travessa Olaria. Ali, residem 16 pessoas, entre as quais uma que teve que adiar uma cirurgia de coluna porque não tem como entrar carro na sua rua. O acesso que sobrou é um barranco, ao lado do muro de uma empresa de reciclagem, por onde passam, a pé, trabalhadores, empresários, idosos e crianças. 


A comunidade ilhada já entregou um abaixo-assinado na Secretaria de Infraestrutura, e aguarda providências. Os problemas têm tamanhos diferentes, mas assumem igual repercussão diante de uma fatalidade, independentemente do número de atingidos.


Nossas senhoras
Vale a pena conferir a exposição de fotos de Milene Benetti de Lara, aberta ao público até o dia 31, das 8h às 16h, no Museu de Artes de Santa Maria, Masm. No primeiro momento foram fotografadas pessoas da comunidade nas várias denominações de Nossa Senhora. Depois, Santos Católicos. Quem olhar com mais atenção poderá identificar rostos conhecidos, nos ensaios fotográficos que misturam o humano com o espiritual, valorizando a arte e a religiosidade.

 
A vida continua, nesta e em outras dimensões!

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